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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Siem Reap - Histórias do Camboja

Depois de viajar por boa parte da Tailândia, foi no Camboja que meu coração mandou parar.

Nosso Hotel
A cidade de Siem Riep pode ser descrita de tantas maneiras quanto a variedade de seus visitantes. Mas os visitantes, embora vindos de muitas partes do mundo, têm todos uma mesma característica. Buscam algum sentido. Seja um sentido para seu futuro, para o passado ou para o que estão vivendo agora. As pessoas que caminham pelas simpáticas ruas do centro me parecem estar cheias de histórias para contar. Sentada na porta do meu delicioso hotel, testemunhei cenas que, para quem escreve, são presentes. Em frente ao meu hotel fica um restaurante, mais tarde descobri que é um bar gay, o que pouco importa nesta parte do mundo onde territórios não são demarcações, são pontos de encontro.

Um alemão sentado sozinho escrevia por horas num caderninho de couro. A capa era velha e algumas folhas se soltavam de dentro. Parava apenas para dar um gole no vinho australiano que já estava quase no fim.

Na mesa à sua frente, duas mulheres francesas bebiam e davam gargalhadas. Uma delas desapareceu, deve ter ido ao banheiro, pensei. E foi aí que o alemão levantou-se, pegou seu caderninho, sua garrafa de vinho e, como se fossem velhos amigos, sentou e começou a conversar. Tudo com a naturalidade de quem tem muito a dizer e aprecia ouvir. Durante a próxima hora, fiquei lá, do outro lado da rua, do outro lado da história, observando e tentando entender o que eles conversavam.

Quando a segunda garrafa já estava no fim, eu, acostumada ao único motivo que faria um homem se levantar e sentar na mesa de uma mulher, já esperava o momento em que os dois sairiam juntos.

A amiga voltou, abraçou a que estava sentada, foi apresentada para o novo amigo e logo me dei conta de que eram namoradas. O papo continuou e notei que falavam das experiências da viagem. Deram dicas sobre lugares que haviam passado, pessoas que conheceram.

Fui jantar e quando voltei eles não estavam.
Minha rua. Foto tirada da mesinha em que eu ficava
Sentindo por não ter acompanhado o final da história, pedi uma margarita e fiquei imaginando o que teria acontecido. Logo minha amiga Lizandra chegou e ao tentar tirar uma foto, o moço do caderninho apareceu e se ofereceu para tirar a foto de nós duas. Aceitamos. Ele pegou a câmera, disse alguma coisa em alemão que não pude entender e voltou para sua mesa, do outro lado da rua, acompanhado do seu caderninho.

Agora escrevia enquanto olhava para onde estávamos. Levantamos as taças e fizemos menção de um brinde. Foi quando entendi que nas ruas de Siem Reap, somos autores e também personagens de uma história que nunca terá fim e por isso será sempre mágica.

Serviço: O Hotel em que fiquei, o Be Angkor é um hotel boutique com apenas 3 quartos. Como estávamos em 6, ficamos com todo o hotel. Além do restaurante ser maravilhoso, o Sat, responsável pela recepção e por tudo o que precisávamos, é uma das pessoas mais simpáticas que já conheci.