terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nocaute Técnico.

Mulher lendo tarô no meio da rua.

"Seja seguro, mas nunca subjugue o adversário."Eu deveria ter aprendido as palavras do meu mestre, Robson, em tantos anos de karatê.

Como sempre, quando chego a um lugar novo, prefiro ir a pé, assim me sinto mais à vontade e conheço as redondezas. Pedi ao concierge que me desse um papel com o nome do mercado onde eu gostaria de ir, escrito em tailandês. A distância entre o Lebua, meu hotel, e o lugar são exatos 5 Km, o que me deu a certeza de que poderia caminhar um pouco e em seguida pegar um táxi.

Logo ao sair, menos de 10 minutos depois, não sei bem como, só sei que não encontrava absolutamente nenhuma referência do mapa. Não sabia nem mesmo se a direção em que eu ia estava correta. Entrei num táxi. Mostrei no mapa e dei o papel com o endereço. Ele me olhou de forma gentil e disse que o lugar onde eu iria era muito caro e ruim. Depois de alguns minutos tentando entender, deixei que ele me mostrasse um lugar melhor, no caminho, pois pelo que ele disse, de lá eu poderia ir a pé ao tal mercado.

Deixei de lado meu sexto sentido e lá fomos nós, direto para  uma loja que me parecia o esconderijo do barba azul, provavelmente de sua sogra ou coisa assim. Expliquei que não queria fazer compras, só passear. "Ms want market. Market shopping." Ele me dizia tentando discutir o que de fato eu queria ou não. Como poderia pedir para ir a um mercado, se eu não queria fazer compras? Deixei as explicações de lado e pedi apenas que me levasse lá. Ainda com o sorriso simpático no rosto (li em meus guias que os tailandeses sorriem quando estão nervosos, chateados ou bravos), ele mostrou o preço e me mandou descer. Sem opção, paguei os Baht$24,00 (menos de US$1,00) e fui andando.

Descobri que até aquele momento, eu nunca soube o que de fato significava, estar perdida. Mesmo nas provas de aventura, quando paramos no meio do mato, se perder em português e em grupo é moleza perto disso.

Eu mostrava o mapa na rua à espera de uma direção. Esquerda, direita, reto. Mas todos apontavam para cima. Parei. Vi uma barraquinha com cocos. Eu estava salva, pelo menos da sede e do calor. Comprei um copo, Baht$20,00 (menos de US$1,00) e antes de sentir o sabor, suguei o canudinho até que todo o líquido estivesse devidamente instalado em meu corpo. E foi neste momento que meu estômago se revirou. Eu parei numa esquina, e como criança cuspi o pouco que sobrou no chão, diante dos tailandeses que me olhavam com um misto de espanto e pena. Não sei o que tinha lá dentro, mas só sei que não era água de coco.

Algumas horas depois, eu de volta ao Hotel
Duas horas depois, eu ainda andando com meu mapinha na mão e sem entender nada, ouvi o barulho de um trem e olhei para cima. Era isso! Eles estavam tentando me dizer para pegar o trem a caminho do mercado. Eu já me preparava para subir as escadas quando lembrei da dificuldade em andar de táxi. Imagina me perder num trem, com enjoo, fome e sem saber nem pronunciar o nome de onde eu deveria ir. Usando minha tática infalível de salvação em países estranhos, procurei um hotel. Encontrei um que parecia um palácio. Se do lado de fora, a 25 de março falava tailandês, dentro, eram as mil e uma noites e os Jardins da Babilônia. Mais uma palavra aprendida hoje. Discrepância. Extremos.

Vencida e ainda cansada, pedi ajuda para falar com o taxista e mostrei o endereço do meu hotel. Horas depois, aqui estou eu, de volta ao ponto de partida, mas cheia de lições. E não mesmo que temos que ter cuidado com o que desejamos.



Um comentário:

  1. Caramba, que angustia estar num lugar que ninguém te entende. Sempre tive uma espécie de atração e repulsa pela Ásia. Atração pelas diferenças, repulsa por diferenças tamanhas. Quem sabe sua viagem não seja uma porta de entrada?
    Bjs, aproveite, joão lara mesquita (jlmesquita@terra.com.br)

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